Arquivo mensal: novembro 2011

A dicotomia entre as livrarias físicas e virtuais

O interior da Livraria Cultura, na Av. Paulista, em São Paulo

Nos tempos atuais, é muito comum perceber, no mercado editorial, uma espécie de dicotomia entre as livrarias que existem no meio físico e as do meio virtual. Ou seja, as lojas de livros que possuem um espaço físico, uma loja efetiva, com os livros espalhados em seu interior em prateleiras e estantes, e as que existem apenas na internet, com os livros estocados em algum lugar – ou, por vezes, nem mesmo estocados em um local da livraria, mas vindo diretamente das editoras – e sendo apresentados, através de computadores e suas telas, para os consumidores, em prateleiras virtuais.

Obviamente essa questão também envolve os livros virtuais e físicos, mas não entraremos na discussão a respeito do livro digital, já que não estamos falando a respeito dele. Estamos refletindo a respeito do comércio de livros físicos através de livrarias na Internet ou em uma loja.

É difícil dizer qual dos dois meios de venda é melhor. Na verdade, essa é uma questão muito pessoal, e de escolha individual, se é preferível comprar um livro vendo-o apenas através de uma tela de computador e vê-lo efetivamente apenas quando chegar à sua casa, ou se é melhor se deslocar até algum local que os venda e ter um contato direto, analisando-o de forma melhor.  Afinal de contas, se existem pessoas que preferem ler exemplares através de um e-reader, e outras, mais conservadoras ou românticas, que preferem lê-los no tradicional papel, é bastante provável que essa dicotomia apareça na questão das livrarias também.

E ela efetivamente aparece. Talvez não de forma tão evidente quanto poderia ser, mas ela aparece e se mostra principalmente na relação que as pessoas têm com os livros e com as lojas que os vendem. Existem pontos positivos e negativos nas duas maneiras de comprar, e vamos exemplificá-los a seguir.

Uma loja física possui como grande vantagem o contato direto com o exemplar do livro que se deseja possuir. O fato de que o consumidor pode tocá-lo, ver qual é a grossura, o acabamento, o tipo de papel, as fontes, o interior, é muito intuitivo. O meio tradicional de vender livros agrada aqueles leitores que gostam de ter o livro em mãos, analisá-lo meticulosamente em relação a materiais e a como ele é feito, a detalhes da capa que não ficariam visíveis de outra maneira, ao toque. Muitos leitores admitem que uma questão importante é o cheiro do livro, da tinta, do papel. É uma relação essencialmente romântica com a matéria-prima e com a essência do livro, que dificilmente poderia ser trocada por uma relação diferenciada, através de uma tela de computador. O mesmo se aplica a uma feira do livro, que apresenta os livros em seus estandes ou em suas mesas, e permite que o leitor folheie as páginas, leia alguns capítulos e decida, mais organicamente, se realmente deseja aquele livro ou não.

Do outro lado da moeda, existem as livrarias virtuais, que não permitem tanto esse contato direto com o livro, mas que não o abafa de todo. É apenas uma maneira diferente de efetivar esse contato. Na internet, os livros serão apresentados com suas capas, e com suas sinopses de uma maneira mais intuitiva, mais organizada. Alguns sites e determinados livros apresentam, também, o primeiro capítulo para ser degustado. Há informações técnicas que podem ajudar a compreender como o volume é na vida “real”, mas elas não traduzem, de todo, como ele realmente é. Apesar disso, a plataforma virtual tem uma grande vantagem: é incrivelmente simples e não há necessidade de estocar os livros em algum lugar, a princípio, assim como, também, livros que não receberiam destaque ou simplesmente não estariam em uma livraria física, devido à questão do espaço, podem encontrar seu lugar nas livrarias online pelo fato de que não irão ocupar um espaço físico. Dentro da Internet, isso funciona maravilhosamente. Também há a questão do deslocamento. Apesar de ter-se de pagar o frete para que o livro chegue à sua casa, não é necessário que se vá até uma livraria para vê-los. É só comprar pela rede e esperar que o exemplar chegue.

Sem contar o preço. Em geral, as livrarias online, por terem um maior alcance e serem muito acessadas, podem praticar preços que seriam completamente inviáveis em uma “offline“, tornando a compra através da Internet muito mais valorosa para o consumidor.

Enfim, existem prós e contras em ambas as maneiras de consumir. Como já disse anteriormente, é mais uma questão pessoal, que tem a ver com o leitor, do que com o que as livrarias realmente são. Um contato mais pessoal, mais orgânico com o livro, com uma abordagem mais romântica, ou algo mais sistemático e organizado, com facilidades? Depende de você.

(Texto escrito para a disciplina de Produção Editorial para Web – Escrito por Fabio Brust)

Conheça a (verdadeira) Produção Editorial

A insatisfação é geral entre os acadêmicos de Produção Editorial da Comunicação Social da UFSM.

Somos profundamente prejudicados por uma sistemática errônea de ensino e gestão, advinda da busca desesperada por grandes “recompensas” materiais e financeiras. Uma formação de estrutura improvisada, que busca apenas a solução dos problemas (realmente “tapar os buracos”) mais superficiais, resulta numa política de ensino que, paradoxalmente, se esquece dos usuários desse sistema, ou seja, seus próprios alunos. Não é de nosso maior interesse fazer propaganda adversa a este que, se bem pensado e trabalhado, poderia ser um dos grandes cursos a servir, quem sabe, como referência para este “lindo” projeto chamado REUNI.

Não é segredo para ninguém que esse curso foi criado para suprir carências dos outros cursos da FACOS. Mas agora isso não vem ao caso: já que estamos aqui, temos o direito de protestar por melhores condições de ensino e formação, afinal escolhemos essa, a nossa profissão futura. Sabemos muito bem que a chegada de professores está acontecendo, mas o motivo pelo qual viemos por este chamar atenção dos leitores é a nuvem negra que paira sobre estas terras. Sim, temos professores, mas ainda assim, o que se faz de nosso ensino? Quando chegam docentes por meio de concursos para Produção Editorial, onde eles atuam? Ao entrarmos nesta universidade sabíamos das adversidades que poderíamos enfrentar, como a falta de estrutura física e humana para nossa formação. A estrutura física já é muito boa e, tecnicamente, os professores estariam aptos a ampliar nossos conhecimentos. Isso não está acontecendo, não para as matérias específicas da Produção Editorial. Temos um laboratório com equipamentos de última geração, equipamentos que chamamos de Mac (MÉC, na pronuncia da palavra, abreviação para MACINTOSH – APPLE) mas a única coisa que sabemos sobre eles é justamente o apelido. Parece zombaria com nós mesmos, e é. Também possuímos impressoras, pacotes de softwares de última geração e 20 Desktops encaixotados, além de verbas que vem para financiar nossas inexistentes produções. Temos materiais e equipamentos, ótimo, agora nos deem a estrutura para a construção da nossa intelectualidade enquanto editores, comunicadores, comunicólogos, produtores editoriais de alto nível.

 

Aulas levadas sem grandes embasamentos teóricos, sem uma pré reflexão acerca do conteúdo que está sendo transmitido, professores desatualizados que ministram as classes da maneira que podem – mas muitas vezes, estando aquém da demanda da disciplina – trazem ao curso uma incompreensível tormenta de desmotivação e confusão mental. Certa vez um de nossos professores disse que deveríamos formar nossas mentes para que deixássemos de ser meros tarefeiros, mas quando chegamos aqui, o que vemos é uma enxurrada de “trabalhinhos” que vem “de cima”, para suprir a falta de técnicos, sim, técnicos em editoração. Obviamente a formação profissional perpassa pelas questões técnicas, mas também pela moldagem de um pensamento crítico, conjunto a ação, o que não estamos conseguindo perceber aqui, até agora. Em suma, o que se vê em tantas teorias maravilhosas sobre como lidar com a comunicação, não é o que se vê na prática. A velha história de que em uma casa de comunicadores, o que menos se faz é comunicar-se com qualidade.

Prova dessa estruturação prematura é a grade curricular mal elaborada que conta com matérias repetitivas em diversos semestres. Sim, querem um exemplo, caros leitores? Produção para Web, Produção Editorial para Web, Produção em Hipermídia, Produção Editorial em Hipermídia, dentre outras. Para se ter uma ideia, uma pergunta que até hoje muitos não souberam nos responder: “O que faz um produtor editorial?”. Estamos descobrindo sozinhos.  Se tudo isso foi criado para atender uma necessidade urgente de expansão, já está mais que atrasado o tempo de criar um curso de verdade, com uma identidade própria, que atenda realmente os sentidos e os objetivos pedagógicos de sua criação, além da formação necessária para um profissional de sucesso no mercado de trabalho.

Incrivelmente, acreditamos que a solução de tudo isso seria muito mais simples do que se pensa. Se houvesse um maior diálogo entre professores, coordenação e alunos, quem sabe poderíamos, mutuamente, construir algo magnífico… Mas, muitos se perguntam: “Quando veremos uma maior atividade por parte de nossa coordenação?”, “Quando nos proverão a suficiência necessária para que nos graduemos no mínimo de maneira mediana ou básica?”. Não estamos aqui para preencher espaços vazios, pois, como qualquer outro acadêmico da Universidade Federal de Santa Maria, estamos aqui para estudar a área de nosso interesse e, um dia, nos tornarmos grandes no que fazemos.

Vale salientar que sim, ainda estamos falando do ensino da forma convencional, onde um professor profere seus conhecimentos a seus discípulos. Dessa forma, acabamos por ficar desmotivados pela busca do conhecimento. Paulo Freire que nos desculpe, mas ainda não concebemos fazer parte de novas sistemáticas de ensino, nas quais o aluno, de acordo com a sua simples gana por conhecimento, busque incessantemente pelo mesmo. Falha nossa, não somos alunos perfeitos. Mas, se já admitiram outro sistema de ensino como vigente aqui, esqueceram de nos comunicar…

E o que queremos com todo esse breve e incompleto relato de abandono:

– Apropriação exclusiva do LAPPE (Laboratório de Pesquisa e Produção Editorial), assim como a FACOS AGÊNCIA e a AGERP;

– Professor Coordenador do LAPPE;

– Docentes com formação em Produção Editorial;

– Reestruturação da grade curricular com a inclusão de matérias indispensáveis para a formação de um Editor;

– Uma coordenação de curso mais ativa;

– Reabertura efetiva da Editora FACOS com publicção e comercialização de livros, tanto como instrumento didático quanto Empresa Júnior.

 

Um texto escrito pelos acadêmicos de Produção Editorial da UFSM

 

O Fórum de Editoração! – Parte 2

por Camila Nunes

A segunda mesa, composta pelos professores Sandra Reimão da USP, Aníbal Bragança da UFF e Marília Barcellos da UFSM, tratou a respeito da pesquisa no campo editorial no Brasil. As opiniões vindas dos diferentes estados convergiram quanto ao estado iniciante em que ela se encontra, porém, como afirmou a Prof. Sandra,  este fato não deve ser visto como algo ruim, pelo contrário, devemos ver como uma oportunidade para iniciar estudos na área.

O Prof. Aníbal afirmou que a formação em Produção Editorial e Editoração, não deve ser vista como apenas tecnicista, ela é  também humanistica. O aluno formado deve ter a capacidade de não apenas produzir um produto editorial, mas também de gerenciar e definir a política editorial dentro de uma editora “Não existe um aluno que pensa e um que faz, o que existe e se precisa é um aluno que tenha capacidade para fazer a parte “prática”, que pense criticamente  e, principalmente, que consiga conciliar essas atividades”. Podemos verificar uma constante preocupação com a formação deste profissional, vide a criação do curso de Produção Editorial na UFSM e de Letras com ênfase em editoração no CEFET de Minas Gerais.

A contribuição da Prof. Marília nesta mesa foi no sentido de trazer algumas questões ao pesquisador da área, “O que devemos publicar?”, “Como fazê-la?”, “Onde publicar?” e, para reflexão, lembrou das falsas confidências que podem ser encontradas nas entrevistas dos editores. Por outro lado, apresentou a Revista Animus, coordenada pela Prof. Claudia Bonfá (também da UFSM), que publica trabalhos de profissionais pesquisadores em nível de doutorado,  integrando de forma criativa vídeos, audios e textos, facilitando a leitura e o acesso ao conteúdo acadêmico.

Professores participantes da segunda mesa do evento, sob a mediação da Prof. Lilian Escorel.