A dicotomia entre as livrarias físicas e virtuais

O interior da Livraria Cultura, na Av. Paulista, em São Paulo

Nos tempos atuais, é muito comum perceber, no mercado editorial, uma espécie de dicotomia entre as livrarias que existem no meio físico e as do meio virtual. Ou seja, as lojas de livros que possuem um espaço físico, uma loja efetiva, com os livros espalhados em seu interior em prateleiras e estantes, e as que existem apenas na internet, com os livros estocados em algum lugar – ou, por vezes, nem mesmo estocados em um local da livraria, mas vindo diretamente das editoras – e sendo apresentados, através de computadores e suas telas, para os consumidores, em prateleiras virtuais.

Obviamente essa questão também envolve os livros virtuais e físicos, mas não entraremos na discussão a respeito do livro digital, já que não estamos falando a respeito dele. Estamos refletindo a respeito do comércio de livros físicos através de livrarias na Internet ou em uma loja.

É difícil dizer qual dos dois meios de venda é melhor. Na verdade, essa é uma questão muito pessoal, e de escolha individual, se é preferível comprar um livro vendo-o apenas através de uma tela de computador e vê-lo efetivamente apenas quando chegar à sua casa, ou se é melhor se deslocar até algum local que os venda e ter um contato direto, analisando-o de forma melhor.  Afinal de contas, se existem pessoas que preferem ler exemplares através de um e-reader, e outras, mais conservadoras ou românticas, que preferem lê-los no tradicional papel, é bastante provável que essa dicotomia apareça na questão das livrarias também.

E ela efetivamente aparece. Talvez não de forma tão evidente quanto poderia ser, mas ela aparece e se mostra principalmente na relação que as pessoas têm com os livros e com as lojas que os vendem. Existem pontos positivos e negativos nas duas maneiras de comprar, e vamos exemplificá-los a seguir.

Uma loja física possui como grande vantagem o contato direto com o exemplar do livro que se deseja possuir. O fato de que o consumidor pode tocá-lo, ver qual é a grossura, o acabamento, o tipo de papel, as fontes, o interior, é muito intuitivo. O meio tradicional de vender livros agrada aqueles leitores que gostam de ter o livro em mãos, analisá-lo meticulosamente em relação a materiais e a como ele é feito, a detalhes da capa que não ficariam visíveis de outra maneira, ao toque. Muitos leitores admitem que uma questão importante é o cheiro do livro, da tinta, do papel. É uma relação essencialmente romântica com a matéria-prima e com a essência do livro, que dificilmente poderia ser trocada por uma relação diferenciada, através de uma tela de computador. O mesmo se aplica a uma feira do livro, que apresenta os livros em seus estandes ou em suas mesas, e permite que o leitor folheie as páginas, leia alguns capítulos e decida, mais organicamente, se realmente deseja aquele livro ou não.

Do outro lado da moeda, existem as livrarias virtuais, que não permitem tanto esse contato direto com o livro, mas que não o abafa de todo. É apenas uma maneira diferente de efetivar esse contato. Na internet, os livros serão apresentados com suas capas, e com suas sinopses de uma maneira mais intuitiva, mais organizada. Alguns sites e determinados livros apresentam, também, o primeiro capítulo para ser degustado. Há informações técnicas que podem ajudar a compreender como o volume é na vida “real”, mas elas não traduzem, de todo, como ele realmente é. Apesar disso, a plataforma virtual tem uma grande vantagem: é incrivelmente simples e não há necessidade de estocar os livros em algum lugar, a princípio, assim como, também, livros que não receberiam destaque ou simplesmente não estariam em uma livraria física, devido à questão do espaço, podem encontrar seu lugar nas livrarias online pelo fato de que não irão ocupar um espaço físico. Dentro da Internet, isso funciona maravilhosamente. Também há a questão do deslocamento. Apesar de ter-se de pagar o frete para que o livro chegue à sua casa, não é necessário que se vá até uma livraria para vê-los. É só comprar pela rede e esperar que o exemplar chegue.

Sem contar o preço. Em geral, as livrarias online, por terem um maior alcance e serem muito acessadas, podem praticar preços que seriam completamente inviáveis em uma “offline“, tornando a compra através da Internet muito mais valorosa para o consumidor.

Enfim, existem prós e contras em ambas as maneiras de consumir. Como já disse anteriormente, é mais uma questão pessoal, que tem a ver com o leitor, do que com o que as livrarias realmente são. Um contato mais pessoal, mais orgânico com o livro, com uma abordagem mais romântica, ou algo mais sistemático e organizado, com facilidades? Depende de você.

(Texto escrito para a disciplina de Produção Editorial para Web – Escrito por Fabio Brust)

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